terça-feira, 16 de março de 2010

A alma da mata

Dora Brisa

A alma desata
Um grito engasgado,
Na boca da mata,
Terreno sagrado...

Suspiro contido,
Respiração ofegante,
Nenhum ruído...
Só o instante...

A mata sagrada
Convida o caminhante
A seguir a luz da estrada,
Ainda que vacilante...

Em passo incerto,
Adentra a mata...
A luz, cada vez mais perto...
A alma se dilata...

O humano ficou para trás,
Feito lembrança...
Silenciosa, a mata faz
Brincar a criança...

Mata - mistério,
segredos,
cemitério
de todos os medos...

O mundo já não existe mais...
Só troncos, folhas - Vida!
...E muita paz
Na alma agradecida...

Mata - que tanto bem nos faz,
Companhia segura,
Nos desvenda
A vida mais pura...

Por entre as árvores seguimos
Os passos dos Donos da mata...
Seguros, nosso caminho abrimos
Na consciência que se desata...

Brisa suave nos faz continuar...
De mãos dadas,
Eles insistem em nos mostrar
A seguir suas pegadas...

E lá vamos nós,
Seguros, mata adentro...
Escutando sempre a voz
Das folhas, da cascata, do vento...

Arte: Sereníssima - Voz: Rosany Costa:

Um comentário:

  1. dora Brisa.

    Me encantei lendo os seus poemas.Minha alma ficou muito feliz e ganhou leveja com tão belas palavras!
    voltarei para me encantar mais uma vez.
    Um beijo,
    Iara

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