quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Vem

Dora Brisa

Vem, toca as minhas mãos,
Vê como são trêmulas e frias,
Tão trêmulas e tão frias,
Como devem ser as mãos
De toda gente.

Vem, me dá um abraço,
Um abraço de alma inteira,
Um abraço aconchegante, quente,
Um abraço silencioso,
Como deveria ter toda gente.

Vem, ouve meu mutismo cansado,
Silêncio feito de nadas,
Depois de ter ouvido tudo,
Até os gritos de dor, de medo,
Gritos de toda gente.

Vem, me conta histórias,
Fala de vidas que não são minhas,
Lembra comigo a tua infância,
Chora e ri da minha (tua) vida,
Tão vivida, como de toda gente.

Vem me dizer que tudo passa:
As nuvens, o sol, a chuva,
As feridas que sangram e cicatrizam.
Mas me diga que também a vida
Passa, como toda gente.

Vem, embala minha alma cansada,
Canta a tua canção pra mim.
Não, não diga mais nada,
Adormeça comigo, na noite sem fim,
Enquanto ainda sonha toda gente.
Vem... Vem...
Voz - Rosany Costa:

2 comentários:

  1. Teu poetar me encanta sempre!
    Adoro te ler...sempre!
    beijos na alma
    Enise

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  2. Ah, minha amiga querida... como sempre me surpreendo com tuas palavras. Buscamos tanto, queremos tanto. Queremos o abraço, o carinho, a canção. Queremos que as feridas cicatrizem, que tudo passe, queremos o choro, o riso como tantos, porque somos parte deste tantos, mas no fundo e simplesmente somos únicos, assim como são únicos os tantos. Maravilhoso a expressão da tua alma. Beijos procê!

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