terça-feira, 9 de agosto de 2011

Elegia

Dora Brisa

Quando a madrugada me pariu,
O liquido amniotico, que me protegia,
Singrou o mar, feito rio,
E nunca mais fez-se dia...

Quando, pela primeira vez, me vi gente,
Era a mão de meu pai que me apoiava,
E, até hoje, não há outra mão tão presente
Que me aceite, em todos os sonhos que eu já sonhava...

Quando quiseram domar minha alma selvagem,
Não souberam, nem sequer imaginaram,
Que eu ousava seguir desconhecida viagem,
Voando para o impossível, que todos negavam...

Quando tive de caminhar sozinha,
Pela rua, minha alma torta se perdeu,
E ainda hoje espia a fresta da vida, fora de linha,
Com as mãos vazias do nada que esqueceu...

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