quarta-feira, 19 de outubro de 2011

O peso do peso

Dora Brisa

A vida me pesa como o ar me pesa nos pulmões. Ainda assim, vivo. Sei que não sobreviveria sem esse peso original. Por isso, peso tanto quanto – ou até mais – que a própria vida minha. Daí provém todo o meu cansaço de alma. O que me pesa mais é pensar sobre isso. As pálpebras me pesam. Tudo me pesa – cá fora e lá dentro. Rendo-me ao sono que me chega, como o ar da vida: pesado, sem chave de pensamento algum. Não sou mais que peso atmosférico. Rarefeito.

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