quinta-feira, 3 de março de 2016

Pausas

Dora Brisa

Quando a madrugada faz,
finalmente,
adormecer o dia,
sonhos breves
deslizam do céu,
das estrelas cadentes,
dos edifícios,
das árvores,
dos telhados,
das igrejas,
das janelas,
das montanhas,
sonhos que pousam,
suavemente,
no mais fundo
da alma de
toda gente.

Mesmo antes de
o dia insinuar-se,
a lida começa,
em todos os cantos,
feitos de
entusiasmos e
desencantos,
no novelo
a desfiar e fiar
a história,
irremediavelmente,
sem remendos
e ensaios,
vestindo a vida
de toda gente,
com desejos e medos
em toscos balaios.

Quando a luz
se ausenta,
na imponência
da noite
que prenuncia,
o cansaço do dia
faz brilhar
outras luzes
de repouso,
de euforia,
e não há quem
não perceba
adormecer
alguma coisa
que se fez presente,
em mais um dia
acompanhado de
menos vida,
sob o jugo do
final
de algo que
só a manhã
anuncia.

Voz - Elisa:

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