quinta-feira, 21 de julho de 2016

Exílio

Dora Brisa

Eu, exilada de mim,
Enxergo o outro
(finalmente!),
Sem psicopatia,
Sem julgamento,
Sem interpretação,
Sem classificação.
Empatia.

Eu, exilada de mim,
Sou ausência,
Na presença do outro,
Que ocupa o vazio
Onde eu estava,
Tão cheia de mim,
Enquanto o outro
Transborda no meu exílio.

Eu, exilada de mim,
Já não me sei mais,
Nem me procuro,
Por que não me há
Reflexo, nem desejo
De buscar-me
Onde não estou,
Nem sou.

Eu, exilada de mim,
Enxergo a claridade
Do outro, na
Minha pura escuridão
Da noite sem holofotes,
Do dia sem sol,
Das esquinas vazias,
Dos becos esquecidos.

Eu, exilada de mim,
Não me socorro,
Nem me debato,
Por que o meu olhar
Já não está dentro,
E busca o olhar do outro,
Que me fascina, e me leva
Para mais longe (tão perto) de mim.

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