Dora Brisa
Retiremos desse mundo
Os poetas
Os loucos
Os sonhadores
(Que não somos poucos)
Não são necessários
Soar de trombetas
Urros de comando
Marcha de soldados
Tilintar de fuzis
Nada disso
Retiremos desse mundo
Os sonhadores
Os poetas
Os loucos
Com apenas um cântico:
O canto matinal
De um pássaro selvagem
Retiremos desse mundo
Os pássaros
Todos os pássaros
Que eles vão cantar
Como loucos
Poetas e sonhadores
Como nunca
Na Terra do Sempre
Retiremo-nos todos
Deixemos nesse mundo
Apenas os usurpadores
Falsos poetas
Limitados sonhadores
Nada loucos – só dementes
Deixemos esse mundo
A quem por direito pertencem
As guerras
O ódio
A vingança
As armas
Os jogos dissimulados
Os podres poderes
Que cantou o poeta
O poder econômico
O poder da destruição
O poder que faz calar
Obedecer matar
Deixemos esse mundo
Onde o que mais brilha
É o ouro
O que vence
É a força bruta
Quem ganha
É quem mais perde dignidade
Vamos todos
Loucos, poetas
E sonhadores
A hora é agora:
Forcemos as grades
Arrebentemos as algemas
Vomitemos a podridão
Marchemos o cântico
Dos pássaros:
Hino da Libertação
Não olhemos para trás
Sonhadores
Loucos e poetas
Acompanhemos aqueles
Que seguem
Sem saber para onde
Com consciência do mundo
Que não lhes pertencia
E ficou para trás
Nas mãos dos usurpadores
Que pintam a estrada
De sangue e ouro
Queimando em fogueiras
Nossos guardados
Sonhos por nós acalentados
Estratégias tratados
Deixemos esse mundo
Loucos poetas sonhadores
Mãos vazias desarmados
Sem dó nem dores.
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