Dora Brisa
Estou indo, sem saber para onde...
Só sei que levo
O sol que se esconde...
Jogo fora meu grito engasgado...
Recolho meu silêncio...
Descubro e enterro meu passado...
Guardo minha frase interrompida...
Desfaço o nó da garganta...
Esqueço a última promessa não cumprida...
Na bagagem, carrego o nada...
No coração, a razão de tudo...
Em meio à loucura, persigo a estrada...
Já não existe sombra,
Nem vida...
A expectativa não assombra...
Uma lembrança a cada passo...
Em um segundo,
Das dores todas me desfaço...
Nem presente carrego:
Papel dourado, laço vermelho...
Nesta caminhada, pensar me nego...
Sinto que parto sem dor...
Caminho sem saber onde piso...
Não sinto alegria ou pavor...
Obedeço o corpo a insistir,
Como se fosse possível
Minha alma deixar-se conduzir...
Lá adiante, dor forte...
Cordão umbilical arrebenta:
Morte!
Mas não morro...
O que fica na estrada é o cordão,
Sem amarras, como a gritar por socorro...
O caminho longo parece...
Nem cansaço existe...
Meu espírito segue em prece...
Minha oração é feita de nenhum pedido...
Meu silêncio adormece
No olhar mais dolorido...
Por um momento,
Dobro a esquina da vida,
Descanso o sentimento...
Não quero ir,
Nem tampouco ficar...
Minha alma sonha voar, para não mais partir...
O que move meu corpo a caminhar
É a certeza de que, um dia,
Sentirei as asas desafiando o ar...
Fecho os olhos e me rendo:
Nenhum passado, nenhum presente...
À última esperança me prendo...
... E assim vou sempre partindo...
Mas parto sem dor...
A consciência insistindo
Em sobreviver por amor...
Voz - Elisa:
sexta-feira, 28 de janeiro de 2011
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Felicidade a minha ter chegado até aqui. Não apenas retribuindo sua visita, mas sentindo seu comentário. Você: não apenas lê, tampouco só escreve. Sente. Sente. Pensa. Pensa. E se acaba. Familiar isso, não? Como você mesma disse, há décadas que se faz de você e o céu é o mesmo, embora diferente.
ResponderExcluirEspero que possamos prosseguir juntos pelas entrelinhas.
Adorei o último texto. Reflete a ruptura do aqui agora com o lá em instantes. Mas a grande dúvida: que será o "lá"?
Sugiro um texto meu: A Janela.
Beijo grande a você!
minha linda amiga, teus rabiscos me são tão familiares como se eu pudesse viver cada palavra!
ResponderExcluirtu já sabes mas vale sempre repetir é um privilegio estar nele!
grande beijo!
Elisa