quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Sonetto

Foto: Denise
Dora Brisa

Toda madrugada sem par,
Depois que adormeço,
Vem um pássaro cantar,
Na fresta de vida em que escureço.

Canta canção triste,
Dor profunda a desamparar.
Tanto, tanto insiste,
Que dói em mim, sem cessar.

O pássaro leva meu sonho,
Para longe, bem longe, enfim.
Sem mais cantar, voa tristonho.

Nada mais resta em mim:
Eu fico sem canto, sem sonho,
E acordo cantando triste assim.

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