segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Tempus Fugit

Dora Brisa

Um dia,
Eu morrerei,
Tu morrerás,
Ele morrerá,
Nós morreremos,
Vós morrereis,
Eles morrerão.
Assim mesmo:
Num dia qualquer,
Numa noite qualquer.
Não importa.
Morreremos – todos.
No primeiro dia,
Chorarão a nossa morte,
Em lágrimas de saudade
E arrependimento.
No centésimo décimo sexto dia,
Lembrarão a nossa morte,
Na justificativa de um
Fracasso qualquer.
No milésimo centésimo terceiro dia,
Saberão a nossa morte,
Com a curiosidade turística
Do olhar que visita terra estranha.
No milionésimo vigésimo oitavo dia,
Já não chorarão, nem lembrarão a nossa morte.
No meio de entulhos ignorados pelo tempo,
Alguém (sem saber) guarda a nossa existência.
Displicentemente.

Um comentário:

  1. Há coisas que, de tão lindas, conseguem extrair de nós o silêncio mais retumbante...

    Não se afobe, não
    Que nada é pra já
    Amores serão sempre amáveis
    Futuros amantes, quiçá
    Se amarão sem saber
    Com o amor que eu um dia
    Deixei pra você

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