terça-feira, 27 de julho de 2010

Meio assim

Dora Brisa

Você sabe,
Sou assim:
Alma mutilada,
Meio errante,
Tateando o nada,
Sem luz adiante.

Você sabe,
Sou assim:
Alma insegura,
Meio melancólica,
Fugindo da amargura
De uma vida lógica.

Você sabe,
Sou assim:
Alma desnorteada,
Meio incompreensível,
Tecendo uma estrada
Louca, impossível.

Você sabe,
Sou assim:
Alma que ignora onde pisa,
Sem paciência com manual.
Às vezes, brisa,
Nem sempre vendaval.

Você sabe,
Sou assim:
Alma desumana,
Meio tresloucada,
Às vezes profana,
Sempre desregrada.

Você sabe,
Sou assim:
Alma suicida,
Meio inacabada,
Matando tempo na vida,
Sem esperança em nada.

Você sabe,
Sou assim:
Alma incoerente,
Meio esquisita.
A verdade, desmente.
A mentira, evita.

Você sabe,
Sou assim:
Alma em pedaço,
Meio incerta,
Tropeçando a cada passo,
Fugindo de toda porta aberta.

Você sabe,
Sou assim:
Alma imunda,
Meio anormal,
Precipitadamente profunda,
Descaradamente superficial.

Você sabe,
Sou meio isso,
Meio aquilo,
Sou assim:
Meio lixo.
Cuida de mim.

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