Dora Brisa
Sou noite escura
Na mata fechada:
Sem mistério – pura
Sem bússola – desnorteada.
Tenho o peso do sol
Pelas nuvens carregado.
Sou a isca do anzol
Do pescador afogado.
Sigo sempre o vento
Que leva a qualquer lugar.
Quase tudo experimento,
Tropeçando no meu próprio andar.
Sou a poeira da estrada
Que há muito ficou pra trás.
Dentro de mim, carrego o nada
De que é feita a vida que se faz.
Dos meus anos faço meses,
Minhas semanas são dias.
Um instante eternizo, às vezes,
Porque o resto são mãos vazias.
Quando busquei sentido na vida,
Acabei chorando na acomodação.
Hoje, não passo de mais uma ferida
Que morre no combate, sem medicação.
E isso é tudo, de uma vida inteira.
Se houve sonhos ou ideais,
Até hoje choro: quanta asneira!
A vida é sempre nunca, e nada mais.
Voz - Helena Antoun:
segunda-feira, 2 de agosto de 2010
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Que fofo!!!!!!!!!!!!
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