quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Delirio

Dora Brisa

Minha alma perdeu os trilhos
Do coração,
Descarrilou,
E embrenhou-se
Na mata escura
Do não viver...

Minha alma banhou-se
Nas lavas de
Um vulcão unico
E inesquecível.
Nunca mais foi a mesma,
E sofre a falta do vulcão...

Minha alma não quer
Vida possível,
Por isso, esgotável.
Quer logo o impossível,
Mergulhar nas lavas
Tontas de erupção...

Minha alma encharcada
É puro vulcão esquecido,
À espera das lavas,
Para encherem de vida
E calor, onde repousa
Minha solidão desamparada...

Um comentário:

  1. Triste! Belo. Pavoroso.

    É incrível como me identifico com seus textos, a proximidade que sinto com a sua linguagem; seus poemas sempre trazendo a transparência e a ausência de uma presença que deixa saudade, vivida no passado, mas rente agora ao presente. A dor da separação do "eu" íntimo do antes para o depois - no que existe do tempo que conhecemos numa vida fragmentada, mas a busca, contudo, por uma vida una. O uníssono da voz do mundo.

    Mas que chateação! O som dos trilhos atrapalham. E nos levam... para tão longe do aquecimento do fogo. O fogo que lava, "nutre" e "refresca", transparece depois de fervilhar as impurezas de um "eu" adormecido.

    O vulcão acordou. Mas jamais poderá regressar a lava que dele expeliu.

    Beijo grande!

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