Dora Brisa
...As palavras me chegam
Em forma de ondas no mar...
As mais suaves segredam
O que traz a volúpia sem pensar...
Chegam mansamente,
Às vezes, violentas a espancar...
Todas ondas puramente
Em forma de palavras, na beira do mar...
Eu, escravo servil e constante,
Faço de minhas mãos, concha veloz...
Busco recolher cada instante,
Enquanto persigo a palavra mais atroz...
As ondas suaves às minhas mãos vêm se render...
Mas aquelas - insanas - que tanto persigo -
Se negam à concha, e no mar querem morrer...
Por algum tempo, fico a espreitar o mar,
Perco-me em cada onda que se aproxima...
Mas poucas - as mais breves - vêm meus pés tocar...
No crepúsculo, o mar emudece...
E fico a buscar a palavra que não aparece...
Eis que surge de repente, sem medo,
Gigantesca onda a bater no rochedo...
Que palavra será essa a me assustar?
Bate no rochedo, volta mais violenta para o mar...
Atento escravo, fico a esperar
A volta da palavra que ecoa, não quer calar...
Fico só - a escutar:
Ah, mar...
Mar...
Ar... ar...
Voz - Eduardo Cunha:
sexta-feira, 9 de abril de 2010
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