Dora Brisa
Venham, meus filhos,
Aconcheguem-se, mais uma vez,
Neste meu corpo já frágil,
Nesta minha alma torta,
Para nos protegermos,
Mutuamente,
De todos os medos,
Todas as certezas...
Já não canto mais para
Vocês dormirem,
Já não tenho respostas,
Pois sobrevivo de perguntas,
E sou eu a perder os sonhos
Que nunca tive...
Um dia, meus filhos,
Nada mais será assim,
E já não poderei mais
Fazer brincadeiras com vocês,
Nem preencher seus dias, suas noites,
Com palhaçadas infantis,
Programinhas familiares...
Nada mais posso fazer,
A não ser permanecer aqui,
Ao lado de vocês,
Que se debatem no
Cotidiano assombroso,
Nas experiências humanas...
Aproveitemos este instante,
Meus filhos,
Quando ainda podemos
Chorar e sorrir juntos,
Por que, lá adiante,
Haverá caminhada solitária,
Silêncio na noite
Misturada de lágrimas...
Ainda uma vez mais,
Não esqueçam a canção de ninar
Todos os sonhos, meus filhos...
E guardem este instante único,
Para quando não houver mais nada,
Nada mesmo que os faça sorrir...
Não esqueçam os sonhos,
Os risos e as lágrimas
Que acalentamos juntos,
Meus filhos...
Quando o mundo lhes pesar
Nos ombros,
Lembrem:
O impossível não existe,
Se vocês ainda puderem ouvir,
No fundo do coração,
A melodia da canção de ninar,
E - Oxalá! - a minha própria voz
A dizer-lhes:
- Podem dormir. Mamãe está aqui.
quinta-feira, 22 de abril de 2010
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Essa poesia me fez lembrar de uma canção cantada por Clara Marinho, minha parceira do canto, no VINICIANDO...
ResponderExcluir''O filho que eu quero ter''...
''É comum a gente sonhar, eu sei, quando vem o entardecer, pois eu também dei de sonhar, um sonho lindo de morrer, vejo um berço e nele eu me debruçar, com o pranto a me correr...''
Pesquisem mais no google, é linda!
Bjs.