Dora Brisa
Venham, meus filhos,
Aconcheguem mais uma vez
Seus corpos ainda frágeis
Junto ao meu peito,
Que protegerei vocês
De todos os medos,
Responderei todas as suas perguntas,
Cantarei para vocês dormirem...
Porque, um dia, meus filhos,
Nada mais será assim,
E já não poderei
Protegê-los dos medos da vida,
Não terei mais respostas
Às suas perguntas doloridas,
E nenhuma canção sairá
Da minha boca,
Porque não estarei por perto,
E vocês perderão o sono
Por medo,
Na busca de respostas...
Aproveitemos este instante,
Meus filhos,
Quando sinto vocês protegidos
Por esta alma que,
Por já conhecer a vida,
Sabe dos medos,
Das perguntas,
Mas não esquece as canções de ninar...
Descansem os corpos frágeis,
As almas ansiosas,
E guardem este instante único,
Meus filhos,
Para quando chegarem
Os medos,
As lágrimas,
As dores,
As perguntas sem respostas,
As respostas sem perguntas,
A vida...
E não esqueçam
A canção de ninar,
Para ouvirem quando
O sono fugir,
A madrugada chegar,
E o silêncio se transformar em lágrima...
Ainda assim, meus filhos,
Poderão ouvir,
No fundo do coração,
A melodia da canção de ninar,
E - Oxalá! - a minha própria voz
A dizer-lhes:
- Podem dormir. Mamãe está aqui.
Voz - Helena Antoun:
terça-feira, 20 de abril de 2010
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Lindo poema! O blog, como um todo, é um manancial poético/litário de grande expressão estética. Parabéns!
ResponderExcluirQue os seus caminhos repletos de muita inspiração e de luz!!
Beijos,
Marcos Guimarães