segunda-feira, 28 de junho de 2010

Meu plural

Dora Brisa

Pensando nos meus amigos, vejo que todos somos tão diferentes, e ao mesmo tempo tão iguais...
Tenho amigos que não me procuram, não me falam coisas – nem da própria vida, nem da vida dos outros. Outro amigos me procuram a todo momento, contando coisas da vida.
Tenho amigos que, quando me procuram, estão sempre chorando por alguma coisa. Outros amigos me procuram pra contar piadas, sorrir junto.
Tenho amigos que se aproximam em silêncio, e em silêncio se afastam. Outros amigos chegam fazendo alarde, e movimentam a minha vida.
Tenho amigos que sentem ciúmes de mim, e às vezes até 'emburram' por causa disso, e me punem com a ausência deles. Outros amigos me apresentam os amigos deles e fazem amizade com os meus amigos – e a família aumenta.
Tenho amigos que, quando me procuram, é para falar sobre economia, política, situação do País, profissões, mercado de trabalho. Outros amigos compartilham comigo a alma poética, e viajamos juntos por nuvens que eu (ainda) não conhecia.
Tenho amigos que me falam de futilidades, brincam com as vaidades, e acabamos rindo juntos. Outros amigos só me dizem coisas sérias, abismais até, e nos perdemos em questões existenciais.
Tenho amigos que estão sempre procurando um jeito pra falarem comigo, se preocupando como vão me tratar. Outros amigos me chegam de qualquer jeito, e rimos à toa, ou até choramos.
Tenho amigos que não me compreendem, ou talvez não me aceitem, mas nem por isso deixam de me buscar. Outros amigos, sem questionarem se me entendem ou não, permanecem comigo na caminhada atemporal.
Tenho amigos pretos, brancos, vermelhos, amarelos – coloridos de alma. Tenho amigos melancólicos, alegres, silenciosos, festeiros. São amigos queridos que sempre encontram no meu coração, o aconchego. Sei que todos os meus amigos são o meu plural – por que eu sou cadinho de cada um deles.
Arte: Enise - Voz: Rosany Costa:

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