Dora Brisa
Duas crianças a brincar,
Longe do olhar adulto...
O primeiro a falar
É o garoto, resoluto:
- Vamos brincar de gente grande.
Quero ser polícia, ou ladrão,
Que em todo mundo manda,
E sai a matar sem qualquer razão...
Como primeira reação,
A garotinha fica surpresa.
Após um instante de indecisão,
Fala com esperteza:
- Então, quero ser
Aquela mulher da vida,
Que mamãe pede para eu esquecer,
Quando a vemos na praça, ou na avenida...
- Ah, então eu vou brincar
Que sou político ladrão –
Responde o garotinho a imaginar -,
Roubando dinheiro público, iludindo a nação...
- Se você é político,
Quero ser dessas mulheres traficantes –
Interpela a garota, com olhar crítico
E pensamentos distantes...
O menino, para não ficar para trás,
Resume tudo, e se põe a explicar:
- Sabe o que a gente faz?
Escolhe um personagem a criar.
Ambos concordaram,
Dando asas à imaginação...
No mundo adulto se espelharam,
E o que resultou foi uma triste criação...
- Meu personagem rouba muito dinheiro,
Mata qualquer um que lhe diz não –
Explica o menino primeiro,
Fazendo pose de “chefão”...
- Minha personagem é cheia de vaidade,
Vai para cama com homens ricos, e ainda é traficante –
Relata a garotinha, com ar de seriedade,
Enquanto pinta com giz o semblante...
Por muito tempo, ficam os dois a brincar,
Sem pensarem no futuro,
Enquanto alguém está a matar,
Logo ali, atrás do muro...
... E os tiros da imaginação
Se confundem com os da realidade:
Futura concretização,
Presente exemplo de animalidade...
quarta-feira, 2 de março de 2011
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triste constatação minha linda amiga, seria bem estranho dizer que retratas lindamente a mais doida realidade, que cada vez se torna tão normal, mas eu ainda acredito!
ResponderExcluirbeijo, tua admiradora, teu par no picadeiro...srsrsr
Elisa