Não sou mulher de uma noite
Nem de um dia só
Sou mulher que tem mais fases
Que a lua
Mais estrelas
Que o céu
Mais calor
Que o sol
Mais segredos
Que o universo
Não sou mulher para comemorar
Um dia
Que nada mais é
Que um dia
Um dia qualquer
Não sou mulher de receber flores
Quero logo o jardim
Não sou mulher de uma vida
Nem “foi bom enquanto durou”
Da lembrança banida
No tempo que passou
Não sou mulher do amanhã
(Amanhã será outro dia)
Sou a mulher bandida
Vadia
Mendiga
Vazia
Mulher que perambula na rua
Com pouca roupa
Maltrapilha, louca
De alma nua
Sou a mulher do infinito
Meu nome é eternidade
Neste dia não deixo sequer o meu grito
Sou a mulher que passa na esquina
Carregando crianças pela mão
Trouxa de roupas a lavar
Carrinho de papelão
Marido bêbado a escandalizar
Sou a mulher que apanha
Em casa
Na calçada
No trabalho
Só porrada
Sou a mulher que cala
Consente
Fala
Mente
Sou mulher que não tem dia
Tempo
Hora
Memória
Mulher sem identidade
Sem história
Amores? Todos que vivi.
Sou apenas (mais uma) mulher.
Meu nome? Geni.
Voz - Helena Antoun:
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