Dora Brisa
Sou sempre barco de partida,
Nunca barco de chegada,
Sem porto, sem cais, sem despedida,
Sempre sem vela, no meio do nada...
Jamais sou barco de socorro,
Sempre barco de naufrágio sou...
A cada madrugada escura, morro...
Basta uma brisa, e de novo me vou...
Não sei ser cais abandonado,
Nem porto que aguarda chegada.
Sou barco incerto, desprezado,
E tudo o que resta é navegar neste nada...
No límpido oceano em que navego,
Sigo o rumo do farol esquecido:
Sem destino, sempre me nego
À bússola que aponta algum sentido...
No meio de tanto mar,
Já não penso, nem descanso...
Não há chão a aportar,
Nem sequer um canto de remanso...
Sigo torto, barco desalinhado,
Esperando o sol que não prenuncia,
Num viver desajeitado,
Sem porto seguro que acaricia...
...E tudo isso é o existir,
Dizem os pescadores à beira-mar,
Enquanto o oceano fica a repetir:
- Segue, barco solitário, a sonhar!...
terça-feira, 12 de julho de 2011
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