Dora Brisa
Olho para o que rabisco
No papel amassado,
Retirado do lixo,
Como quem se debruça
Diante de um abismo...
Vertigem.
Angústia.
Nenhum medo.
Meu olhar, neste instante,
Não é nada poético.
Pelo contrário,
Meu olhar é agonizante,
Agoniza tanto quanto
O moribundo que deveria
Ter morrido na véspera,
Enquanto ninguém mais espera...
Mas não morro,
E a vida me sufoca -
Vida estagnada,
Mais amassada que o
Papel retirado do lixo...
E toda minha vida é isso:
Rabisco feito num papel
Que há pouco era lixo,
E à lixeira voltará...
Por que de nada adianta
Tentar rabiscar a vida,
Se o papel continua sendo lixo,
Enquanto a lixeira aguarda...
Quisera eu ter a inconsciência
Da lixeira, que, pacientemente,
Sabe esperar, e, sem saber,
Um dia, também ela, a lixeira,
Será lixo, e outra lixeira
Haverá em seu lugar.
Ou não.
Enquanto tudo isso, que é vida,
Não acontece, rabisco eu,
Que não sei acontecer na vida...
Olho para o que rabisco
No papel amassado,
Retirado do lixo,
Como quem se debruça
Diante de um abismo...
Vertigem.
Angústia.
Nenhum medo.
Meu olhar, neste instante,
Não é nada poético.
Pelo contrário,
Meu olhar é agonizante,
Agoniza tanto quanto
O moribundo que deveria
Ter morrido na véspera,
Enquanto ninguém mais espera...
Mas não morro,
E a vida me sufoca -
Vida estagnada,
Mais amassada que o
Papel retirado do lixo...
E toda minha vida é isso:
Rabisco feito num papel
Que há pouco era lixo,
E à lixeira voltará...
Por que de nada adianta
Tentar rabiscar a vida,
Se o papel continua sendo lixo,
Enquanto a lixeira aguarda...
Quisera eu ter a inconsciência
Da lixeira, que, pacientemente,
Sabe esperar, e, sem saber,
Um dia, também ela, a lixeira,
Será lixo, e outra lixeira
Haverá em seu lugar.
Ou não.
Enquanto tudo isso, que é vida,
Não acontece, rabisco eu,
Que não sei acontecer na vida...
Nenhum comentário:
Postar um comentário