quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Poeta

(À Cecília Meireles)
Dora Brisa

A porta do meu coração
Continua aberta

Mas não sou poeta

Só choro
Quando a saudade aperta

Mas não sou poeta

Alguns “normais”
Me consideram pouco esperta

Mas não sou poeta

Me perco nas palavras
Sou tão indireta

Mas não sou poeta

Quase sempre viajo
Em Alfa, Beta

Mas não sou poeta

Nas tempestades
Minha pequenez permanece ereta

Mas não sou poeta

Meu pensar tem asas
De matéria concreta

Mas não sou poeta

Meu sentir vagueia
Além da vida incompleta

Mas não sou poeta

Meu olhar sobrevive
Em estado de alerta

Mas não sou poeta

Minhas mãos e meus braços suportam
A carga aparentemente correta

Mas não sou poeta

Diante da música
Minha alma desperta

Mas não sou poeta

Minha vida sem mistérios
É simples, discreta

Mas não sou poeta

Minha alma torta
Tenta caminhar em linha reta

Mas não sou poeta

Tão-somente escrevo o que
Me transcende, me liberta

Mas não sou poeta

Cecília é – e sempre será – poeta,
Em cada verso,
Em cada crônica,
Na sensibilidade descoberta...

Voz - Sereníssima:

Nenhum comentário:

Postar um comentário